Funcionários relatam insegurança e dificuldade para trabalhar nesta segunda-feira (15)
Para conseguir chegar ao trabalho na manhã desta segunda-feira (15), trabalhadores precisaram recorrer a caronas improvisadas, inclusive de ex-companheiros, enquanto empresas passaram a acionar motoristas de aplicativo para levar funcionários. No comércio, o clima é de insegurança quanto aos próximos dias, diante da greve dos motoristas do transporte coletivo.
A greve dos motoristas do transporte coletivo em Campo Grande causou transtornos aos trabalhadores nesta segunda-feira (15). Para chegar ao trabalho, muitos recorreram a caronas de familiares ou ex-companheiros, enquanto outros precisaram utilizar serviços de transporte por aplicativo, mesmo com preços elevados. O clima é de insegurança entre os funcionários do comércio local. Trabalhadores relatam preocupação com os próximos dias, já que as corridas por aplicativo podem custar até R$ 50, valor equivalente a um dia de trabalho. Alguns estabelecimentos orientaram que apenas comparecessem ao serviço aqueles que conseguissem meios alternativos de locomoção.
No Comper Itanhangá, funcionários relataram que o SAC está com uma espécie de “fila de espera” para solicitar corridas de aplicativo, tanto para levar os trabalhadores ao mercado quanto para garantir o retorno para casa.
Melissa Surubi, de 58 anos, que atua nos serviços gerais da unidade, contou que aguardava desde as 5h30 por uma corrida. “Terminei meu turno às 5h28 e estou esperando o Uber desde então”, comentou.
Outro funcionário da rede, que preferiu não se identificar, relatou que o mercado tem priorizado os trabalhadores que irão assumir o próximo plantão. “O Uber é um por vez, então acaba demorando”, explicou.
Às 8h, quando a reportagem deixou o local, Melissa ainda aguardava que seu motorista de aplicativo fosse chamado. Outra trabalhadora que cansou de esperar, recorreu a um táxi para voltar para casa.
A reportagem procurou a assessoria do Comper para comentar as medidas adotadas, mas não obteve retorno. No local, o gerente da unidade também não quis falar com o Campo Grande News.
Na Rua 14 de Julho, o movimento começou de forma tímida por volta das 7h. Entre os que chegavam para iniciar a rotina de trabalho estava a auxiliar de limpeza Francinete da Silva, de 60 anos.
Moradora do Bairro Aero Rancho, ela conta que gasta cerca de 40 minutos de ônibus diariamente para chegar ao Centro. Sem o transporte coletivo, a alternativa foi pedir ajuda ao ex-marido. “Liguei para o meu ex, expliquei a situação e, na hora, ele foi me buscar. Ele sempre me ajuda”, relatou.
Colega de Francinete, a caixa Ana Carolina, de 28 anos, conseguiu chegar ao trabalho com carona do marido. Para evitar gastar com aplicativos, ela precisou sair de casa com bastante antecedência e chegou à empresa uma hora e meia antes do início do expediente.
“Os aplicativos estavam no dinâmico e daria uns R$ 50, que é o meu dia trabalhado. Não compensa. No grupo da loja, todo mundo estava tentando carona, mas, até onde vi, ninguém tinha conseguido. Na semana passada, a empresa disse para vir trabalhar quem conseguisse”, contou.
Outra trabalhadora que precisou de ajuda foi a porteira Roselei Ribeiro, de 53 anos. O filho, que é motorista de aplicativo, decidiu levá-la após verificar o valor da corrida. “Daria R$ 37, então ele me trouxe. Para voltar, ele vai ter que me buscar também. Se estiver trabalhando, vou ter que chamar outro”, disse.
A reportagem do Campo Grande News também esteve na Avenida Marquês de Pombal, no Bairro Tiradentes. No local, a auxiliar de limpeza Eli do Carmo, de 52 anos, contou que conseguiu chegar ao serviço com carona do filho, que estava de folga.
“Hoje ele pôde me trazer, mas amanhã não sei como vou fazer. É muita falta de respeito com os trabalhadores que dependem de ônibus todos os dias. Se a greve continuar, vou precisar que a empresa me busque ou vou ter que faltar”, afirmou.
Já a caixa de supermercado Luzinete de Farias, de 68 anos, relatou que, mesmo ciente da paralisação, ainda esperou para ver se o ônibus passaria. Diante da ausência do transporte, recorreu a um motorista de aplicativo.
“E quem não tem dinheiro para pagar Uber? A gente fica insegura sem ônibus. Hoje consegui pagar, mas e amanhã? Se a empresa não me buscar, não vou ter como trabalhar”, desabafou.
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