44 anos de história e comunidade sob chuva

Mesmo com a chuva, moradores e visitantes se reuniram na Praça das Moreninhas para celebrar os 44 anos do bairro, na noite deste domingo (7). Em mesas e cadeiras, distribuídas pelo gramado da praça, os presentes aproveitam sorteios promovidos principalmente por comércios locais e aguardam o bingo, que será realizado após a fala das autoridades.

Quando a chuva começou, o público apenas se abrigou nas tendas e retornou ao centro da praça assim que o tempo melhorou, mantendo o local cheio durante toda a programação. A sensação de que o bairro funciona como uma “cidade dentro da cidade” foi reforçada ao longo da festa. Moradores destacaram a variedade de serviços, o comércio forte e a estrutura que, segundo muitos, permite resolver a maior parte das demandas sem precisar ir ao Centro da Capital.

Moradora das Moreninhas II desde 1982, a aposentada Vera Lúcia Lhanos, 65 anos, contou que sua família ajudou a construir a história do bairro, lembrando que o pai foi um dos primeiros feirantes e o irmão integrou a primeira equipe policial da região, num período marcado por conflitos entre gangues. Para ela, alguns serviços perdidos ao longo dos anos fazem falta, como cartório e bancos, mas ainda assim a estrutura continua ampla.

“Meu filho é da idade das Moreninhas. Minha filha nasceu com a chegada do asfalto. Ela nasceu em 1990, quando foi lançada a obra de asfalto. Fui uma das primeiras moradoras das Moreninhas na época”, lembra.

A autônoma Elisabete de Souza Haran, 59 anos, retornou ao bairro neste ano depois de morar um período em Dourados. Ela explicou que voltou porque considerou as Moreninhas um bom lugar para trabalhar com venda de salgados, pela variedade de serviços e pelo movimento do comércio. Para ela, a distância até o Centro é o único ponto negativo, mas não chega a atrapalhar. “A gente nem sempre precisa sair, aqui tem de tudo”, disse.

Já a servidora pública Ivanilda Moreira, 54 anos, que mora no Nova Campo Grande, visitou o bairro pela primeira vez para prestigiar o primo, DJ da festa. Ela afirmou ter ficado surpresa com o tamanho e a estrutura da região, destacando que as Moreninhas lembram uma pequena cidade pela quantidade de serviços disponíveis.

O motorista de aplicativo João Vitor da Silva Palermo, 29 anos, foi ao evento com cerca de 15 colegas do grupo “Agrupamentos Rota MS”. Eles interromperam o trabalho para participar, motivados pelo convite de “Seu João”, um dos integrantes do grupo e morador do bairro. Mesmo quando choveu, permaneceram na praça com guarda-chuvas abertos enquanto aguardavam o início do bingo, uma das atrações mais aguardadas da noite.

O autônomo Bruno Dias dos Santos, 29 anos, que nasceu e cresceu no bairro, destacou o quanto as Moreninhas se desenvolveram e como os moradores se orgulham dessa trajetória. Ele citou o surgimento de lojas, bancos e serviços que atendem os mais de 50 mil habitantes da região e reforçou a importância de mais eventos que movimentem o comércio local. Para ele, a história do bairro é marcada pela força dos moradores. “São 44 anos de resiliência”, afirmou.

Com gramado cheio, música, barracas e uma comunidade que permaneceu unida até mesmo sob chuva, a festa reforçou a identidade de um dos bairros mais populosos de Campo Grande e a percepção comum de que as Moreninhas seguem funcionando como uma cidade própria dentro da Capital.

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